O CRB se despediu de 2024 neste domingo (24), quando cumpriu tabela contra o Operário, no Rei Pelé, pela última rodada da Série B. Este foi o último encontro do ano do elenco com o torcedor do Regatas, que viveu diferentes emoções ao longo da temporada: desde a alegria após a chegada histórica à final da Copa do Nordeste até o medo de ser rebaixado até as últimas rodadas da Segundona.
Ano começa no final de 2023
A primeira decisão para a temporada de 2024 do CRB foi a permanência de Daniel Paulista. O técnico, que havia chegado no clube em maio de 2023, pegou o time na zona de rebaixamento e conseguiu se livrar da situação, renovando o contrato antes mesmo do fim da Série B daquele ano.
Por outro lado, a insatisfação com o desempenho do time em não atingir o objetivo de buscar o acesso fez com que a diretoria decidisse por uma limpa no elenco, com as saídas de mais de 17 jogadores, incluindo nomes como Renato (artilheiro do clube naquele ano), Diogo Silva, Rômulo e João Paulo.
Os nomes que chegaram para somar aos nove remanescentes alegraram a torcida, principalmente os dos meias Gegê e Jorginho. Este último tratado como a principal contratação da temporada.
Tricampeão do Alagoano
Nos primeiros seis meses do ano, o torcedor do CRB viu um dos melhores semestres da história do clube. A primeira partida de 2024 aconteceu no dia 20 de janeiro, contra o Penedense. E o time começou com o pé direito na vitória por 1 a 0 - o mesmo placar da partida seguinte contra o Murici.
Já na terceira rodada, o Galo fez o primeiro e único Clássico das Multidões da temporada. A vitória convincente por 3 a 1 contra o CSA fez a torcida ter ainda mais convicção que a mexida no elenco havia surtido efeito.
Esse cenário se manteve ao longo de toda primeira fase do Alagoano, perdendo apenas o último jogo por 2 a 0 contra o ASA. Vale lembrar que nos últimos jogos Daniel Paulista estava promovendo um chamado time alternativo para testar o elenco e as variedades de jogo, aproveitando para dar folga a parte dos titulares, que já disputavam os primeiros jogos da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil.
Nas fases finais, sangue nos olhos pelo tricampeonato estadual. Na semifinal, um Regatas descansado encarou o Murici. No jogo de ida, no Estádio José Gomes da Costa, o Galo venceu de virada por 2 a 1 e bastava apenas um empate na volta. No entanto, no Rei Pelé, o CRB aplicou 3 a 0 e carimbou a vaga para a 13ª final consecutiva do clube.
Era mais um CRB e ASA na decisão. Em Arapiraca, o alvirrubro conseguiu voltar com a vantagem de 1 a 0 e, na final, voltou a bater o rival, agora por 3 a 1, o que deu o 34º título alagoano ao clube.
História na Copa do Nordeste e milhões nos cofres
-
Na Copa do Nordeste, o sentimento era de ir até onde era possível. Com isso em mente, o CRB encerrou a primeira fase sem pressão e com propriedade, na vice-liderança do Grupo A, com 15 pontos (quatro vitórias, três empates e apenas uma derrota), atrás somente do Sport.
Os mata-matas da competição foram um verdadeiro teste do coração para os torcedores. O primeiro passo para chegar à final era passar pelo Botafogo-PB, nas semifinais. O jogo aconteceu no Rei Pelé e, após o 0 a 0 no tempo normal, a decisão foi para os pênaltis. Nas cobranças, brilhou a estrela de Matheus Albino, que deu a classificação ao Galo.
Em março, o clube anunciou um pacote de reforços para a sequência da temporada: o lateral-esquerdo Jorge, o atacante Getúlio e o meia Raí.
Antes do compromisso na semifinal do Nordestão, o CRB virou a chave para a Copa do Brasil para encarar o Ceará na terceira fase -depois de ter vencido o Rio Branco e o Athletic. Nas duas partidas, tanto em Maceió quanto em Fortaleza, o Galo bateu o Vozão por 1 a 0 e foi às oitavas da competição nacional.
-
De volta à Copa do Nordeste, o clube tinha um desafio duro e quase impossível pela frente na semifinal: o Bahia na Fonte Nova, em Salvador. O time baiano, que agora pertence ao Grupo City, investiu pesado na temporada e almejava chegar na final. O que o Tricolor não esperava era encontrar um Galo que soube sofrer e levou o jogo para as penalidades. A vaga só foi definida após 16 cobranças, quando o paredão do Regatas defendeu a cobrança de Caio Alexandre.
Era a volta do CRB a uma final de Copa do Nordeste após 24 anos. A torcida, é claro, recebeu o time com festa no aeroporto.
Do outro lado da grande final estava o Fortaleza. O primeiro jogo aconteceu no Castelão (CE) e o Galo largou atrás. Com dois gols por falhas defensivas, o Regatas acabou derrotado por 2 a 0 e precisava da difícil missão de reverter o placar em Maceió.
Na volta, em um Rei Pelé completamente lotado com quase 18 mil presentes (maior público do estádio desde 2018), o Regatas devolveu o placar de 2 a 0, mas, nos pênaltis, o Laion saiu com a taça após Anselmo Ramon - na época, o artilheiro do Brasil - isolar a primeira cobrança e ver o Tricolor do Pici acertar todas.
Pelo Nordestão, o Galo somou R$ 5,14 milhões aos cofres.
Segundo semestre quase trágico com série de erros
Enquanto aguardava o compromisso pelas oitavas da Copa do Brasil, o CRB tinha a Série B pela frente. Com o mau início na competição, chegando a poupar em alguns jogos para priorizar as decisões da Copa do Nordeste, o Galo deixou ir o objetivo principal da temporada: lutar pelo acesso.
Nessa época, viu também Jorginho, contratado para ser o grande nome da temporada, rescindir o contrato após ter um início decepcionante no clube, tendo o problema recorrente no tendão de Aquiles.
O elenco enxuto e poucos reforços fizeram a parte física - elogiada no início da temporada - perder gás. Recorrentemente, Daniel Paulista reclamava da falta de opções no banco.
Parte do dinheiro arrecadado no ano foi usado para renovar os contratos de alguns jogadores, que estavam sendo assediados por outros clubes. O principal deles foi Anselmo Ramon, sondado pelo Fortaleza. Na nota da renovação, o CRB ressaltou que não mediu esforços para manter o centroavante.
Além dele, também renovaram o lateral Hereda, o volante Falcão, o goleiro Matheus Albino, e o meia Gegê. Léo Pereira teve seus direitos federativos comprados pelo clube e também ampliou seu vínculo no Ninho do Galo.
Além das poucas peças de reposição, a queda de produção de nomes que fizeram um excelente primeiro semestre, como Anselmo e Léo Pereira, também influenciaram dentro de campo. O resultado foi a disputa pela parte de baixo da tabela da Série B.
A culpa foi assumida pelo presidente Mário Marroquim. “Manter um elenco enxuto levou a desgastar o grupo. Não se pode exigir que um atleta jogue 60 partidas no ano e o Anselmo vai ter que jogar mais do que isso”, disse.
Os pontos negativos cresceram ainda mais após a eliminação na Copa do Brasil contra o Atlético Mineiro. Apesar do empate no Rei Pelé por 2 a 2, o Galo foi goleado por 3 a 0 na Arena MRV, em Minas Gerais. Apesar disso, pela competição, o clube somou quase R$ 8,5 milhões.
De volta a realidade na Série B, o CRB emendou uma sequência de seis jogos sem vencer. Na porta do Z-4, a direção demitiu Daniel Paulista e trouxe, em seu lugar, Bruno Pivetti - ex-CSA e que estava sem clube após deixar o Náutico, que disputava a Série C.
A decisão pelo novo nome se mostrou precipitada. Isso quem diz são os números: após quatro jogos, sendo três derrotas e um empate, Pivetti caiu do cargo. No lugar dele, assumiu o experiente Hélio dos Anjos.
Nas últimas rodadas da Série B, o torcedor fazia as contas do quanto precisava para se livrar do risco de queda - que só veio na 37ª rodada, após vencer o Santos na Vila Belmiro. O sentimento foi de alívio, apesar de não tirar a frustração do torcedor que iniciou a competição visando o acesso.
Planos para 2025
O planejamento do CRB para o ano que vem deve aguardar um pouco. Isso porque o clube terá um processo eleitoral pela frente para revelar o novo presidente do clube. Mário Marroquim disputa a reeleição com o deputado estadual Marcos Barbosa, o último a assumir a gestão do Regatas antes do atual comandante. A eleição está marcada para 18 de dezembro.
Quem não fica para 2025 é o treinador Hélio dos Anjos. O técnico, que mantinha confiança para continuar à frente do clube, foi informado pela direção que não irá permanecer.
Um dia depois da saída de Hélio, o CRB anunciou a volta de Umberto Louzer. O comandante, que tem passagem recente pelo Regatas - em 2023, foi campeão invicto do Alagoano - disputou a Série A este ano pelo Atlético-GO até pedir demissão em outubro.
O contrato dos zagueiros Simon e Wanderson e do atacante Mike vencem no fim desta temporada. Este último, inclusive, já anunciou que não irá defender as cores do clube em 2025.
Além deles, os atletas que estão emprestados ao clube até o fim da Série B são Luis Segovia, João Pedro, Marco Antônio, Chay, Labandeira, Kleiton, Rafael Bilu e Ryan. Os nomes foram divulgados primeiramente pelo ge.
A direção regatiana, no entanto, ainda não bateu o martelo sobre renovações. A manutenção depende do planejamento, que deve ser montado após a eleição.
*Estagiário sob supervisão