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Papa condena 'atrocidades' de casos de pedofilia nos EUA

Investigação na Pensilvânia acusa mais de 300 padres de abusos sexuais e um esforço 'sistemático' feito por líderes da Igreja para encobrir os crimes

Por G1 20/08/2018 09h09
Papa condena 'atrocidades' de casos de pedofilia nos EUA
Papa Francisco, durante o Angelus, na Praça São Pedro, no Vaticano, no sábado (19). - Foto: Gregorio Borgia/AP

O Papa Francisco condenou "com força as atrocidades" cometidas na Pensilvânia (EUA) contra mais de 1.000 crianças por padres, em uma carta dirigida ao "Povo de Deus".

"Nos últimos dias foi publicado um relatório que detalha a experiência de pelo menos mil pessoas que foram vítimas de abusos sexuais, de abusos de poder e de consciência, cometidos por padres durante quase 70 anos", escreve o pontífice na carta divulgada pelo Vaticano, nesta segunda-feira (20).

Papa escreve carta aos católicos sobre abuso sexual na Igreja

"Embora possamos dizer que a maioria dos casos pertence ao passado, podemos constatar que as feridas infligidas não desaparecerão nunca, o que nos obriga a condenar com força estas atrocidades", afirma o Papa Francisco.

Há três dias, o Vaticano expressou "vergonha e dor" após a revelação de abusos sexuais na Pensilvânia por mais de 300 padres durante décadas, segundo a France Presse. Mas, nesta segunda, o Papa Francisco foi mais longe e usou palavras mais duras para comentar o caso.

"Levando em consideração o passado, o que se pode fazer para pedir perdão e reparar o dano causado nunca será suficiente. Levando em consideração o futuro, não se deve descuidar de nada para promover uma cultura que não apenas garanta que tais situações não se reproduzam, mas para que não não encontrem o terreno propício para ocultar-se e perpetuar-se", disse o pontífice.

O papa também fez um apelo à comunidade católica por uma mobilização para "denunciar tudo aquilo coloca em perigo a integridade de qualquer pessoa".

Casos na Pensilvânia

Na terça-feira (14), a Suprema Corte da Pensilvânia divulgou um extenso relatório do grande júri formado para analisar denúncias sobre abuso sexual na Igreja Católica no estado. Mais de 300 padres foram acusados. A investigação detalha o que seria um esforço "sistemático" feito por líderes da Igreja por mais de 70 anos para encobrir os crimes.

A investigação é a mais abrangente sobre abuso sexual da Igreja Católica nos Estados Unidos. A investigação de 18 meses cobriu as oito dioceses do estado - Harrisburg, Pittsburgh, Allentown, Scranton, Erie e Greensburg - e segue outros relatórios do júri do estado que revelaram abusos e em duas outras dioceses.

Como informa a rede CNN, o longo relatório investiga abusos sexuais de clérigos em seis dioceses desde 1947. As outras duas dioceses da Pensilvânia, Filadélfia e Altoona-Johnstown, foram objeto de relatórios anteriores do júri, que encontraram informações igualmente negativas sobre o clero e os bispo.

O relatório é divulgado num momento em que a Igreja Católica está lutando para lidar com um escândalo de abuso sexual que afeta a Igreja em diferentes países.

Na Austrália, um bispo foi considerado culpado de encobrir abuso sexual. No Chile, o Papa foi forçado admitir a pouca atenção que deu a um escândalo de abuso envolvendo um padre e bispos acusados ??de encobrir seus crimes. Após o escândalo, 34 bispos chilenos colocaram seus cargos à disposição do papa.

Nos Estados Unidos, um proeminente arcebispo foi removido do poderoso Colégio de Cardeais, após surgirem relatos de que havia molestado um coroinha adolescente e vários outros enquanto ascendia nas fileiras da igreja. Enquanto isso, bispos em Boston e Nebraska estão investigando possíveis casos de abuso sexual em seminários católicos.