Educação

“Se faltar sala, a gente dá aula embaixo da mangueira”, diz reitor da Ufal após cortes

Universidade teve redução de R$ 42 milhões na verba anual, além disso, sofre com o bloqueio de R$ 43,7 milhões

Por João Arthur Sampaio 06/05/2021 07h07
“Se faltar sala, a gente dá aula embaixo da mangueira”, diz reitor da Ufal após cortes
Universidade Federal de Alagoas - Foto: Reprodução/Web

A situação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) é crítica. Isso porque, após a sanção do Orçamento Geral da União feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o corte de R$ 42 milhões na verba anual da instituição foi oficializado. Com isso, o valor de custeio de 2021 caiu para R$ 105,7 milhões, porém, desta quantia, R$ 43,7 milhões estão contingenciados.

Além desses valores, o Ministério da Educação (MEC) também bloqueou 13,8% da verba. Dessa forma, a Ufal foi de um orçamento de aproximadamente R$ 147 milhões, em 2020, para cerca de R$ 46 milhões neste ano, até então.

“Se faltar sala, a gente dá aula embaixo da mangueira. A gente vai sobreviver e não vamos parar de funcionar. O que me deixa mais triste é que a Ufal é a única federal do estado e tem 29 mil estudantes. Nós batemos o recorde de vagas preenchidas no SISU, gerando um aumento geral na nota de corte de todos os cursos. Isso mostra que os jovens alagoanos querem estudar aqui”, pontuou o reitor da universidade, Josealdo Tonholo.

Tonholo explicou que, desde o começo do ano, a Ufal não pagou nenhuma conta de luz ou de água, além dos serviços de Correio e gasolina, que já foram cortados. A instituição recebeu avisos de corte de energia, mas essa não deve ser cortada, por causa do Hospital Universitário.

“O impacto é muito grande. A Ufal expandiu muito de 2006 para cá, isso implica muitas obras, que exigem manutenção. Esse corte compromete, principalmente, a estrutura física e inviabiliza a operação regular”.

Bolsas de pesquisa

Os estudantes que dependem de bolsas de pesquisa também sofreram com o corte e contingenciamento. Apenas os do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que contempla os que estão em situação de vulnerabilidade social, continuam recebendo, pois vem de uma rubrica com código específico; mas, ainda assim, do ano passado para este houve uma redução de R$ 5 milhões, indo de R$ 23 milhões para R$ 18 milhões.

“Ainda estamos conseguindo pagar esses. Mas as de monitoria e de extensão dependem, exclusivamente, do dinheiro de manutenção da Ufal. Nem abrimos edital para o de monitoria e suspendemos o de extensão. Mantivemos os programas até o dia 30 de abril, porém, os estudantes não estavam conseguindo receber, porque nunca chegou verba suficiente para fazer o pagamento. Essa verba de janeiro até o mês passado nós vamos tentar pagar parcelado ao longo do ano”, disse o reitor.

Em relação aos programas Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI), Tonholo relatou que conseguiram garantir recursos até o meio do ano, que é quando acaba o edital. “Fizemos isso porque a universidade tem que dar uma contrapartida para Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Está com atraso, mas será pago. Mas, depois de julho, não teremos mais”.