Trabalhadora despejada e sem alimento em casa: a realidade de funcionários do Veredas
Presidente do Sateal contou, em entrevista ao Rede Antena 7, qual a atual situação administrativa do antigo Usineiro

De 270 leitos, apenas dois estão ocupados com pacientes internos. Essa é a atual realidade do Hospital Veredas, em Maceió, segundo informou o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Alagoas (Sateal), Mário Jorge, em entrevista exclusiva ao Rede Antena7, nesta terça-feira (14). A situação chocante da unidade hospitalar que, em um passado recente, foi referência no estado, afeta não apenas a população que necessita de atendimento, mas também, os funcionários que seguem sem receber os salários em atraso.
Mário contou que, além de ainda não terem recebido parte dos salários dos meses de outubro e de novembro do ano de 2024, e também a segunda faixa do 13º salário do ano passado, mais de 150 funcionários do Veredas foram demitidos. “Até ontem foram 157 trabalhadores demitidos, sem receber o que é devido”, revelou o presidente do Sateal.
Os que seguem contratados, segundo a fala do presidente, estão em casa, aguardando o fim de um recesso decretado pela instituição.
A situação desses trabalhadores, que estão há meses sem pagamento e sem perspectiva para que seus salários sejam, finalmente, pagos, é desesperadora. Na última segunda-feira (13), em uma reunião entre os trabalhadores do Hospital Veredas e o Sateal, uma das funcionárias acabou revelando que recebeu uma ordem de despejo do apartamento onde reside, devido a falta de pagamento. Além disso, a mulher contou que já não possui energia elétrica e, nem mesmo, alimentos em sua casa.
Diante disso, Mário Jorge revelou que ele, e os colegas que estavam presente na reunião, decidiram fazer uma ‘vaquinha’ para tentar amenizar a situação difícil da colega. Entretanto, isso não resolve o problema, que é de muitos.
O problema
Há meses trabalhadores do Hospital Veredas reivindicam o pagamento de salários atrasados e de melhores condições de trabalho. Após uma série de manifestações realizadas ao longo do ano de 2024, diversos órgãos como o Ministério Público de Alagoas (MPAL), Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU), decidiram criar uma gestão interventora para o hospital.
Foi verificado uma série de irregularidades na gestão anterior, o que teria, também, causado o agravamento da atual situação financeira do hospital que tem colocado em risco a permanência do funcionamento da unidade hospitalar.
Mário Jorge explicou que essa atual gestão interventora busca criar alternativas para que o Veredas possa sobreviver e, ao mesmo tempo, consiga regularizar a situação contratual com os trabalhadores.
“Estamos aguardando que, realmente, esse plano de recuperação do hospital ele venha, realmente, para a efetividade para que possa dar uma garantia aí aos trabalhadores e a sociedade”, disse Mário.
Prazo
No final de novembro de 2014, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) na tarde desta quinta-feira (28) com o objetivo de promover uma intervenção na gestão da unidade hospitalar. Segundo o presidente do Sateal, nesse TAC foi estabelecido o prazo de um ano – podendo ser prorrogado – para que haja a recuperação do Veredas. Entretendo, Mário Jorge afirmou que nenhuma entidade sindical, incluindo o Sateal, teve acesso aos detalhes do TAC, mesmo tendo solicitado.
O que é dito pelo Hospital?
A justificativa dada pelo hospital para o não pagamento dos salários atrasados dos funcionário seria um bloqueio das contas da unidade, feito pela justiça, devido às ações judiciais realizadas por funcionários e fornecedores que cobram, judicialmente, os devidos pagamentos.
Com isso, os valores não podem ser acessados pela gestão. O hospital diz que segue tentando fazer o desbloqueio desses recursos para conseguir pagar os trabalhadores.
Diante do caos em que se encontra o antigo Hospital Usineiro, a expectativa do presidente do Sateal é que o atual Veredas consiga resistir e, com uma futura administração séria e transparente, o hospital venha a sobreviver.
Ele finalizou lembrando que a unidade hospitalar, ao longo dos anos, recebeu diversas verbas em emendas parlamentares, entretanto, a antiga gestão não priorizou o pagamento de funcionários e fornecedores, provocando a atual situação do Hospital Veredas.
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