Banco Central aumenta os juros pela sétima vez, e Selic vai a 15% ao ano
Após dois dias de reunião, o Copom divulgou sua decisão sobre a Selic

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu hoje aumentar pela sétima vez seguida a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, agora em 0,25 ponto percentual: de 14,75% para 15% ao ano, a mais alta desde julho de 2006. Os juros em patamares elevados freiam a inflação porque mantêm caras as concessões de crédito e financiamento, inibindo o consumo e os investimentos.
O que aconteceu
Após dois dias de reunião, o Copom divulgou sua decisão sobre a Selic. A taxa foi elevada pela sétima vez consecutiva, atingindo o maior nível desde julho de 2006, quando esteve em 15,25% ao ano.
A elevação de hoje contraria as expectativas da maioria no mercado financeiro. Os analistas consultados semanalmente pelo BC apostaram por seis semanas consecutivas que o aumento os juros se encerraria na reunião de hoje. Das 32 instituições consultadas pela agência Bloomberg, apenas 12 apostavam em alta de 0,25 ponto percentual.
Copom atribuiu parte da alta à "conjuntura" nos Estados Unidos. "O ambiente externo mantém-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos", diz o BC em nota, que também mencionou "a volatilidade de diferentes classes de ativos". "Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de acirramento da tensão geopolítica."
No Brasil, o Comitê menciona a economia aquecida e a inflação fora da meta. "O conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado algum dinamismo, mas observa-se certa moderação no crescimento. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação."
"As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 5,2% e 4,5%, respectivamente." Copom, em nota
Copom diz que a medida pode resultar em interrupção na alta dos juros em breve. "Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste", diz. "O Comitê seguirá vigilante (...) e não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado."
Decisão foi unânime. Além de Gabriel Galípolo, presidente do BC, votaram os diretores: Nilton David (política monetária), Ailton de Aquino Santos (fiscalização), Izabela Correa (relacionamento institucional, cidadania e supervisão de conduta), Diogo Abry Guillen (política econômica), Gilneu Vivan (regulação); Paulo Picchetti (assuntos internacional, cidadania e supervisão de conduta), Diogo Abry Guillen (política econômica), Gilneu Vivan (regulação); Paulo Picchetti (assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos), Renato Dias de Brito Gomes (organização do sistema financeiro) e Rodrigo Alves Teixeira (administração)
Aumento da Selic ocorre no mesmo dia que o Fed manteve os juros nos EUA. O Federal Reserve (o banco central norte-americano) decidiu não mexer nos juros entre 4,25% e 4,5%, embora Trump desejasse a redução da taxa.
Inflação fora da meta
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central
Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O comitê apresentou a projeção para o IPCA acumulado em 2026: 3,6%. Para 2025, o Comitê citou pesquisa Focus (com analistas entrevistas pelo BC), que espera inflação de 5,2% para este ano.
O Copom enumerou os seguintes "riscos" para a alta da inflação:
Desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
Maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo;
Conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada
Entre os riscos de baixa:
Eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação;
Desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza;
Redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.
O mercado financeiro espera agora que a nova taxa reduza a inflação. A aposta dos agentes econômicos é que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) termine 2025 em 5,25% no final do ano, percentual acima do teto da meta. Na semana passada, no entanto, essa projeção era de 5,44%.
A meta oficial da inflação é de 3% em 2025. Com permissão para oscilar 1,5 ponto percentual para mais ou menos, o objetivo será cumprido se o IPCA terminar o ano entre 1,5% e 4,5%.
A inflação de maio ficou em 0,26%. A variação significa que a alta de preços perdeu fôlego na comparação com abril (0,44%) e março (0,56%). Nos 12 meses finalizados no mês passado, o IPCA aumentou 5,32%.
Se o teto da meta for ultrapassado em junho, o BC terá de se justificar. A lei exige uma satisfação do BC toda vez que a inflação acumulada em 12 meses ficar acima de 4,5% por seis meses consecutivos.
O que diz o mercado?
O mercado também atribui a alta dos juros à resiliência da economia. "Essa estratégia [aumentar a Selic] contribui para garantir a convergência da inflação à meta", avalia Everton Gonçalves, diretor da ABBC (Associação Brasileira de Bancos)
A atividade econômica mundial aquecida também justifica a alta. "O ambiente internacional se desenvolveu até o momento de maneira oposta à desaceleração econômica global devido à guerra comercial desde a última reunião", diz Camilo Cavalcanti, gestor da Oby Capital, sobre os impactos da política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Diante do que foi decidido e em função da conjuntura econômica, por ora passamos a considerar que o ciclo se encerrou e que será preciso deterioração importante para a retomada do ciclo de alta de juros novamente esse ano.
Júlio César Barros, economista do Banco Daycoval.
Crédito mais caro
A Selic é a principal forma de conter a inflação. A elevação dos juros torna mais cara a tomada de empréstimo, inibindo o consumo e, consequentemente, a inflação. Por outro lado, seguidas altas podem enfraquecer o ritmo da economia, diminuindo a produção industrial e aumentando o desemprego.
Selic alta encarece principalmente a concessão de crédito e serviços financeiros. As taxas cobradas em empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e de veículos, além de linhas de crédito para empresas, ficam caras.
Rendimento da renda fixa é boa com Selic alta. Investimentos atrelados à taxa básica, como o Tesouro Selic, oferecerem retorno maior, enquanto a poupança continua perdendo competitividade.
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