Covid -19

Covid: o que está por trás da decisão de usar vacina da Pfizer em quem tomou 1ª dose de AstraZeneca

Representantes de Estados e municípios alegam que o Ministério da Saúde deixou de enviar vacinas que foram prometidas para o mês

Por BBC News 13/09/2021 20h08
Covid: o que está por trás da decisão de usar vacina da Pfizer em quem tomou 1ª dose de AstraZeneca
Pelo menos cinco capitais registraram falta de doses de AstraZeneca nos últimos dias - Foto: Getty Images

Nesta segunda-feira (13/9), algumas cidades brasileiras começaram a oferecer a vacina da Pfizer às pessoas que tomaram a primeira dose do imunizante da AstraZeneca e estão com a segunda dose que protege contra a covid-19 atrasada.

Essa decisão acontece após algumas capitais, como São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e Rio de Janeiro (RJ) registrarem falta de estoques do produto da AstraZeneca durante as primeiras semanas de setembro.

De um lado, representantes de Estados e municípios alegam que o Ministério da Saúde deixou de enviar vacinas que foram prometidas para o mês — o governo de São Paulo, por exemplo, afirmou ter recebido quase 1 milhão de doses a menos que o previsto.

"O não envio destas doses pelo Ministério da Saúde descumpre uma obrigação do órgão federal em disponibilizar vacinas necessárias à imunização complementar das pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina", acusam os dirigentes paulistas, em nota publicada no site do Estado.

Do outro, representantes do governo federal criticam os governadores e prefeitos que fizeram planos próprios de vacinação e não seguem as diretrizes estabelecidas no Programa Nacional de Imunização, o PNI.

Em entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira (13/9), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, classificou a situação como uma "Torre de Babel vacinal", numa alusão bíblica à falta de diálogo entre as diferentes esferas de poder.

"Eu peço que os gestores de saúde sigam o PNI para nós, juntos, conseguirmos fazer uma campanha [de vacinação contra a covid-19] mais eficiente", disse Queiroga.

"No final de semana eu estive no Amazonas, visitei uma unidade de saúde ribeirinha e lá tinha CoronaVac, vacina da Pfizer e da AstraZeneca. Por que lá tem vacina e no principal Estado do país não tem?", perguntou o ministro, numa alusão aos protestos do governo de São Paulo.

Em meio às discussões, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e responsável por finalizar a produção da vacina da AstraZeneca no Brasil, informa que vai liberar novos lotes, com cerca de 15 milhões de doses, a partir da terça-feira (14/9).