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Tesoureiro do PCC ganhava R$ 50 mil por dia e ostentava carros de luxo em condomínio de alto padrão

Segundo a polícia, em poucos meses, suspeito trocou de carro pelo menos três vezes, comprando veículos entre R$ 300 mil e R$ 700 mil

Por Terra 01/07/2025 09h09 - Atualizado em 01/07/2025 14h02
Tesoureiro do PCC ganhava R$ 50 mil por dia e ostentava carros de luxo em condomínio de alto padrão
Relógios de luxo também foram apreendidos pela Polícia Civil - Foto: Assessoria

Alex Amaro de Oliveira, de 40 anos, conhecido como "Barba", foi preso sob suspeita de comandar as finanças do Primeiro Comando da Capital (PCC). Investigado pela Polícia Civil, ele vivia em um condomínio de luxo na capital paulista e trocou de carro três vezes em poucos meses, sempre adquirindo veículos entre R$ 300 mil e R$ 700 mil.

Apontado como tesoureiro da facção criminosa, ele foi preso no último dia 25 pela 2ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (DISE) da DEIC de Santos (SP), com apoio do Grupo de Operações Especiais (GOE). Na operação, também foi detido outro suspeito, identificado como "Irmão Vinícius", de 33 anos.

A dupla é investigada por tráfico de drogas, associação para o tráfico e promoção de organização criminosa, sendo considerada peça-chave na estrutura da facção na Baixada Santista e na capital paulista.

Rotina de luxo e movimentações suspeitas
Segundo o delegado Leonardo Rivau, responsável pelas investigações, o monitoramento dos suspeitos começou no final de 2023, após a identificação de veículos com fundo falso usados para transportar drogas e dinheiro. "Apreendemos quatro carros com fundo falso e mais de 200 quilos de drogas", afirmou ao Terra.

A ação que levou à prisão dos suspeitos ocorreu na zona sul de São Paulo, após mandados expedidos pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores.

Rivau explicou que, durante as investigações, os policiais rastrearam um veículo que encontrou um BMW na capital. "Acreditamos que uma sacola entregue na ocasião continha dinheiro de pontos de tráfico da Baixada Santista".

O delegado detalhou que "Barba" assumiu o cargo de tesoureiro recentemente, após a morte de Alexsandro Roberto Ferreira, conhecido como Palito, antigo líder financeiro do PCC, em novembro de 2024.

Palito foi morto a tiros em um bar perto da Favela da Felicidade, no Jardim São Luís. Antes de ser morto, uma operação da Polícia Federal revelou um áudio gravado por Palito, em que ele demonstrava ter um plano para matar o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.

Ascensão dentro da facção
Desde que assumiu o cargo de tesoureiro do PCC, "Barba" passou a ostentar uma vida de luxo, trocando de carro frequentemente, segundo apontam as investigações.

"Em janeiro, ele estava com uma BMW, depois migrou para uma Range Rover Velar e agora tinha um Tesla", disse o delegado. Todos os carros valem entre R$ 300 mil e R$ 700 mil.

Além dos veículos, o suspeito residia em um condomínio de alto padrão no Morumbi. Durante a busca no imóvel, os policiais encontraram relógios de luxo, caixas de joalherias e objetos de valor. "O apartamento era enorme, mas parecia ainda não estar totalmente mobiliado, o que reforça uma ascensão recente", completou o delegado.

Contabilidade do crime e pontos de tráfico

Na casa de "Irmão Vinícius", os investigadores encontraram anotações detalhadas sobre pontos de tráfico na favela da Felicidade, local de origem de "Barba". "Três pontos administrados por "Barba" geravam entre R$ 40 mil e R$ 50 mil por dia cada um", revelou Rivau. "É por isso que, em poucos meses, ele já tinha carros de luxo e um apartamento no Morumbi".

A operação também apreendeu celulares, notebooks, skunk, maconha e um veículo de luxo. Nos aparelhos, havia registros de movimentações financeiras, compra de armas e até imagens de câmeras clandestinas usadas para monitorar ações policiais em comunidades.

Agora, a polícia analisará os dados dos celulares apreendidos para identificar contas bancárias e outros integrantes do PCC, principalmente do escalão acima de "Barba". "Queremos chegar ao braço financeiro da facção", afirmou Rivau.

O Terra tenta localizar a defesa de Alex Amaro de Oliveira, o espaço permanece aberto para manifestações.