Thiago Abel

Thiago Abel

Thiago Abel

É bonito de ver um nordeste forte e lindo.

Seu Luiz Gonzaga tá feliz demais.

30/06/2025 22h10 - Atualizado em 01/07/2025 12h12
É bonito de ver um nordeste forte e lindo.

       Em um mês mágico para o povo nordestino, a cultura pulsou em todos os estados que formam a região mais rica culturalmente da nação. Junho nos mostrou que ainda temos muito a viver e celebrar.
      Mas o que esse que vos escreve pode dizer sobre o que viu nesses dias  que são todos dedicados a celebrar nossas raízes e tradições?

Tive o privilégio de ver crianças brincando e se alegrando ao ensaiar suas coreografias e apresentar suas obras de arte em uma quadra de escola e em um clube tradicional. Vi pais e mães com roupas combinando, felizes por estarem juntos em uma festa linda e cheia de cores e significados. Vi jovens de várias idades cantando de peito aberto hinos de nossa música, dançando coladinhos ou soltos, cada um do seu modo, cheios de brilho nos olhos.
Vi fogueiras nas portas das casas, das mais humildes até as maiores. Vi famílias reunidas em calçadas, sítios, chácaras e até em varandinhas com uma caixa de som, uma mesa com comidas típicas e símbolos juninos.
Vi empresas, grupos de amigos, instituições públicas e privadas organizando seus “arraiás” para celebrar as tradições e a amizade.
Vi grandes palcos com os maiores nomes da nossa música, muitos deles sem os maiores vultos de nossa tradição.
Vi coisas tristes também, ritmos que nada dizem do nosso povo tomando o lugar da sanfona com cachês milionários pagos adiantados enquanto trios tradicionais de forró peregrinam com um chapéu na mão e aguardam por meses para receber míseros cachês que dependem de editais que se arrastam até a exaustão, mas vou deixar isso pra outro momento.

Vi a capital sergipana dando show de tradição e respeito aos festejos juninos e à cultura nordestina. Vi folguedos serem celebrados por várias gerações, comidas típicas sendo apreciadas e o forró no palco principal da confraria.
Vi Jorge de Altinho, um senhor de mais de 70 anos, fazer um show que põe muito “novinho” no chinelo. Vi na mesma noite o mesmo Jorge, Geraldo Azevedo e Santana o cantador transformando a orla de Atalaia num grande palhoção onde o fole roncou e as ondas do mar dançaram num ritmo todo nosso.

Vi a cidade do axé se transformando em cores de bandeirinhas pelas ruas do negro pelourinho, sons do forró onde geralmente se ouve o batuque de Olodum e afins, e apesar de colocar seus artistas para trabalhar, permitiu que o protagonismo fosse do autêntico som da sanfona, zabumba e triângulo.
Vi o nordeste sendo o “hype”, o tema das redes sociais, o viral, o hit, o momento… As festas juninas emergiram com uma força descomunal, ninguém segura mais, agora é fortalecer e fazer disso um movimento permanente.

Vi artistas nordestinos que vinham cantando “pop” e as mais variadas modinhas se curvarem diante do forró de vaquejada e dos grandes sucessos de Gonzaga e seus discípulos. O povo pediu forró, cansou de modinhas, quer ouvir sua própria história cantada e declamada no palco principal.

Vi um povo que mostrou mais uma vez o que é resistência, quem não entendeu isso ainda vai ser atropelado e jogado no limbo do esquecimento.
Vivi para ver o festejo junino RESSURGIR aos olhos de meia dúzia de políticos e empresários que achavam que ele estava morto, vivi para ver o povo dar seu recado: Esse chão é nosso e esse solo é sagrado, pise baixo que aqui tem gerência.


E você, o que viu nesses 30 dias mais lindos do nordeste?