Política

Carlos Bolsonaro lidera domingo de ataques a Rodrigo Maia nas redes

A hashtag #TchauMaia é um dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil neste domingo

Por Congresso em foco 19/04/2020 19h07
Carlos Bolsonaro lidera domingo de ataques a Rodrigo Maia nas redes
Carlos Bolsonaro lidera domingo de ataques a Rodrigo Maia nas redes - Foto: Reprodução

Filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro instiga seus seguidores a atacarem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A hashtag #TchauMaia é um dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil na manhã deste domingo (19). O movimento, liderado por Carlos, deve se estender ao longo de todo o dia.

Em sua conta na rede, Carlos se refere a Maia como "Botafogo", apelido atribuído ao deputado em planilha de caixa dois da Odebrecht, segundo delatores da Lava Jato. Em tuíte fixado no alto da página, o filho do presidente diz que o deputado ataca o presidente diariamente, mas é um "belo frouxo" quando recebe uma "resposta aberta" de Bolsonaro.

Em mensagem publicada neste domingo, Carlos voltou à carga e chamou seus seguidores a continuarem uma lista contra o presidente da Câmara. "TÍTULOS RECENTES DO BOTAFOFO: cauducou a MP do 13° do Bolsa-Família, MP da carteira de estudante, MP dos balancetes e outras. Engavetamento do PL para aumentar a validade da CNH, atrasa a PEC do pacto federativo, contra o uso do fundão no combate ao covid-19,... complete...", escreveu. O apelido ao qual Carlos se refere veio à tona nas investigações da Lava Jato e faz referência ao clube pelo qual o deputado torce. Segundo delatores, o deputado fazia parte da lista de políticos beneficiados com dinheiro da empreiteira.

Bolsonaristas têm chamado o presidente da Câmara de "coronamaia" e "maior inimigo do Brasil" e postado montagens de fotos contra o parlamentar. Também há mensagens de apoio à intervenção militar e ao fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), duas pautas também abraçadas nos protestos de 15 de março, que tiveram participação do presidente da República.

Maia foi hostilizado ontem durante conversa de Bolsonaro com seus apoiadores em frente ao Palácio do Planalto. Ele ainda foi um dos alvos de manifestações feitas por bolsonaristas em defesa do presidente e pela reabertura do comércio. Possíveis candidatos à sucessão de Bolsonaro em 2022, os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), também foram atacados. A expectativa é de que ocorram novos protestos com o mesmo tom neste domingo.

Horas depois de demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na quinta, Bolsonaro atacou o presidente da Câmara em entrevista à CNN Brasil. "O Maia tem de me respeitar como chefe do Executivo", disse. "Eu lamento a posição do Rodrigo Maia nessas questões. Lamento muito a posição dele, que resolveu assumir o papel do Executivo", respondeu Bolsonaro.

"O Brasil não merece a atuação dele na Câmara. Péssima sua atuação", disse o presidente, que completou afirmando que não estava rompendo com o legislativo.

Queixando-se da aprovação do auxílio emergencial para os estados, considerado inviável pela equipe econômica, acusou o deputado de “quase conspirar” contra ele. "Parece que estão querendo me tirar do governo”, completou. Embora não tenha citado, Bolsonaro tem outra fonte de indignação: o prazo de 30 dias que recebeu para apresentar os resultados dos exames para a covid-19, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade.

Maia evitou revidar no mesmo tom. Afirmou que Bolsonaro cria atritos para fazer cortina de fumaça: "É um velho truque da política. Quando você tem uma notícia ruim, como foi a demissão do Mandetta, você cria outro fato", declarou. “Ele pode jogar pedras, o Congresso Nacional vai jogar flores”, acrescentou.

Os próximos dias devem ser difíceis para Bolsonaro no Congresso. Como revelou o Congresso em Foco na última sexta, a Câmara ameaça derrubar até seis medidas provisórias que estão próximas de perder a validade. Na sexta o Senado se recusou a votar a MP que criou o Programa de Contrato de Trabalho Verde e Amarelo, em resposta aos ataques feitos pelo presidente. Se não houver acordo em relação ao texto até amanhã, a proposta perderá a validade nesta segunda-feira.

Relatora da CPI mista das Fake News, a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) acusou ontem, em entrevista a este site, Bolsonaro e os filhos de espalharem ódio pelas redes sociais e de tentarem desacreditar o sistema político como estratégia eleitoral. Para a deputada, Bolsonaro “pula de galho em galho” em busca de um novo inimigo para manter a “adrenalina” de seu “grupo de cachorros loucos”. “É assim que funciona o processo de construção de fake news no Brasil”, disse.

Segundo Lídice da Mata, a campanha de ódio de bolsonaristas está voltando com força depois de o presidente ter se isolado politicamente e perdido apoio popular pela forma com que conduziu a atual crise.

“Viram que estavam perdendo espaço na opinião pública pela desaprovação às posições do presidente. Eles atacam todos aqueles que pensam diferente. Foi assim com Mandetta e os governadores e é assim agora contra Maia e Davi Alcolumbre, o Congresso. A fala do presidente é sempre uma senha”, disse a relatora da CPI das Fake News. “Depois são impulsionadas pelos filhos dele e por alguns de seus principais expoentes parlamentares. Dessa forma são disseminadas”, explica.