Justiça

Decisão se réus do caso Roberta Dias irão à júri popular por homicídio pode estar próximo

A fase de instrução processual, que corresponde à realização de diligências, coleta de provas e oitivas de testemunhas, se encaminha para o final

Por 7segundos 29/07/2021 12h12 - Atualizado em 29/07/2021 12h12
Decisão se réus do caso Roberta Dias irão à júri popular por homicídio pode estar próximo
Roberta Dias foi assassinada em abril de 2012 - Foto: Reprodução

Após audiência realizada pela justiça em formato virtual na terça-feira (27), o processo sobre a morte de Roberta Dias, jovem de 18 anos que desapareceu na cidade de Penedo em abril de 2012, começa a dar sinais de que vai se desenrolar para o seu final.

A fase de instrução processual, etapa inicial do processo criminal que corresponde à realização de diligências, coleta de provas e oitivas de testemunhas, se encaminha para sua fase de conclusão, que deve ocorrer somente após o interrogatório dos dois réus denunciados no processo, Mary Jane Araújo e Karlo Bruno Tavares, marcado pela justiça para o dia 26 de outubro de 2021 também em formato virtual.

Mary Jane e Karlo Bruno foram denunciados pelo ministério público em 2018 por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro. O interrogatório dos réus corresponde à última etapa da fase de instrução processual.

Nesses quase três meses que restam até a audiência marcada para o interrogatório dos réus, o juiz vai aguardar uma possível manifestação por parte da defesa ou da acusação sobre as duas perícias realizadas pelo Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística (IC). A primeira diz respeito aos exames que confirmaram que a ossada encontrada na Praia do Peba em abril deste ano, é de Roberta Dias, e a segunda perícia, corresponde à avaliação do local onde os restos mortais de Roberta Dias foram encontrados, incluindo a cova feita em um areal na Praia do Peba, além de exames nos resíduos das vestes reconhecidas pela mãe de Roberta Dias como sendo da filha, encontradas junto com a ossada da jovem.

Enquanto existir a possibilidade dentro dos prazos legais dados pela justiça, da defesa de Mary Jane e Karlo Bruno contestarem os laudos emitidos pelo IC nas duas perícias, que pode significar um pedido de contraprova dos exames, os restos mortais de Roberta Dias permanecem sob a guarda da justiça e não podem, por enquanto, ser liberados para a família.

Na audiência realizada na terça (27), das seis testemunhas que seriam ouvidas pelo juiz Nelson Fernando de Medeiros Martins, da 4ª Vara Criminal de Penedo, apenas quatro prestaram depoimento à justiça. Duas das testemunhas arroladas e que falariam diante do juiz, foram dispensadas pelos próprios advogados de defesa dos réus.

As quatro testemunhas restantes que falaram ao juiz foram um policial militar, um policial civil, um oficial de justiça, todos na condição de testemunhas referidas, aquelas que inicialmente não são arroladas nem pela defesa nem pela acusação, mas, que o juiz considera importantes por disporem de alguma informação relevante sobre a materialidade ou autoria do fato. Além deles, também falou à justiça o delegado regional de Penedo, Fernando Lustosa, convocado para depor para esclarecer informações referentes à perícia realizada na ossada encontrada na Praia do Peba, atestada com sendo de Roberta Dias após exames realizados pelo Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística.

O promotor de justiça Sitael Jones Lemos, da 4º Promotoria de Justiça de Penedo, disse que a acusação dispõe de elementos suficientes que comprovam o envolvimento de Mary Jane Araújo e Karlo Bruno Pereira Tavares na morte de Roberta Dias. Karlo Bruno, como autor material do assassinato de Roberta Dias, e Mary Jane, como a pessoa que usou de sua influência como mãe de Saulo Araújo, amigo de Karlo Bruno e namorado de Roberta Dias à época, para induzir Karlo Bruno a cometer o crime na companhia do filho.

“Como Saulo tinha 17anos na época do crime, ele não pôde ser denunciado como réu, mas foi representado à Vara da Infância de Penedo à época e ouvido como testemunha no processo”, informou o promotor Sitael Lemos.

O promotor acredita que após o interrogatório dos réus, marcado para outubro próximo, o juiz, depois de analisar todas as provas do processo, deve dar a sentença de pronúncia, condição em que o magistrado reconhece haver indícios de um crime doloso contra a vida e decide que o processo será julgado não por ele, e sim, por um tribunal do júri.