CREA-SE é criticado por nota técnica alarmista sobre veículos elétricos em edificações
Conselho ignora dados científicos, generaliza riscos e desinforma sobre segurança da recarga dos veíoculos

Na contramão do avanço tecnológico e da transição energética em curso, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA-SE) está sendo alvo de duras críticas após publicar uma nota técnica considerada alarmista, imprecisa e desconectada da realidade.
O documento, intitulado “Avaliação de Critérios de Segurança para Recarga de Veículos Elétricos em Edificações Existentes”, foi divulgado como resposta a uma audiência extrajudicial do Ministério Público e recomenda, entre outras medidas, a proibição da recarga de veículos elétricos em qualquer edificação fechada — de prédios residenciais a hospitais e oficinas mecânicas.
A proposta gerou reações imediatas de especialistas e representantes do setor de mobilidade elétrica, que apontam generalizações, omissões graves e ausência de embasamento técnico atualizado. Segundo críticos, se a orientação do CREA-SE for adotada, comprometerá não apenas o crescimento da eletromobilidade, como também a segurança dos usuários, ao incentivar práticas informais de recarga.
Baterias seguras ignoradas
Uma das falhas mais apontadas na nota é a ausência de diferenciação entre os tipos de baterias utilizadas em veículos elétricos. Embora o documento trate genericamente das chamadas “baterias de íons de lítio”, não há qualquer menção ao modelo LFP (ferro-fosfato de lítio), que já equipa mais de 70% da frota elétrica nacional — incluindo a Blade Battery da BYD, considerada uma das mais seguras do mundo.
“Essas baterias não apenas resistem a choques mecânicos, sobrecarga e temperaturas elevadas, como não liberam oxigênio em caso de falha, o que reduz drasticamente o risco de incêndios”, pontua um engenheiro do setor que preferiu não se identificar. Ensaios internacionais demonstram que a Blade Battery suporta até o peso de um caminhão de 46 toneladas sem explodir ou incendiar. “Ignorar isso é ignorar a realidade do mercado brasileiro”, completa.
Falta de dados e sensacionalismo
A nota do CREA-SE também faz afirmações categóricas sobre supostos riscos de colapso estrutural de edifícios em caso de incêndio de veículos elétricos, citando temperaturas superiores a 1.000°C que supostamente comprometeriam o concreto armado. No entanto, os dados utilizados provêm de estudos genéricos sobre incêndios em edificações, sem qualquer vínculo com baterias LFP.
Além disso, a recomendação ignora estatísticas essenciais: veículos elétricos têm, segundo estudos internacionais, probabilidade 62 vezes menor de pegar fogo do que modelos a combustão. No Brasil, não há registro documentado de incêndio envolvendo carros elétricos. “A nota desconsidera o cenário real para promover um alarde injustificado”, critica outro especialista.
Um retrocesso institucional
A publicação, que deveria ter caráter técnico e orientativo, acabou sendo percebida como um retrocesso institucional. Ao sugerir a remoção de carregadores de edifícios residenciais, comerciais e de serviços, o CREA-SE coloca em xeque não apenas a evolução da mobilidade elétrica, mas também a segurança da população. “Sem acesso a pontos de recarga regulamentados, as pessoas vão improvisar — e aí, sim, o risco é real”, alerta um engenheiro eletricista consultado pela reportagem.
Revisão urgente
Diante da repercussão negativa, especialistas pedem a revogação ou a imediata revisão da nota. A exigência é que qualquer novo parecer seja elaborado com base em dados técnicos isentos, atualizados e específicos à realidade brasileira. “A engenharia tem um papel essencial no desenvolvimento sustentável. Cabe aos conselhos profissionais fomentar soluções seguras, e não barrar o progresso com receios infundados”, conclui.
A mobilidade elétrica é um caminho sem volta. O que se espera de instituições como o CREA-SE é responsabilidade técnica, compromisso com a inovação e atuação guiada pela ciência. A nota publicada, infelizmente, falha em todos esses aspectos.
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