Política

Relatora da Lei Maria da Penha, Jandira Feghali, avalia os 18 anos de aplicação

Deputada veio a Maceió para evento na Câmara de Estudos Políticos

Por Wanessa Santos, com Rede Antena7 08/08/2024 12h12 - Atualizado em 08/08/2024 13h01
Relatora da Lei Maria da Penha, Jandira Feghali, avalia os 18 anos de aplicação
Jandira Feghali, que foi relatora da Lei Maria da Penha, falou sobre os avanços após a implementação da lei e a expectativas com relação ao futuro dela - Foto: Marcos Sousa / Rede Antena 7

A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) completou 18 anos nessa quarta-feira (08), e, apesar dos crimes contra a mulher ainda acontecerem em todo o país, sem a lei, a situação poderia ser ainda pior. Em entrevista ao Rede Antena7 nesta quinta-feira (08), a deputada federal pelo estado do Rio de Janeiro, Jandira Feghali, que foi relatora da Lei Maria da Penha, falou sobre os avanços após a implementação da lei e aS expectativas com relação ao futuro dela.

Jandira Feghali, que veio a Maceió a convite do vice-Governador, Ronaldo Lessa, para participar de um evento na Câmara de Estudos Políticos, falou, primeiramente, sobre a importância da participação de mulheres na política. Ela conta que, mesmo com homens sendo efetivamente feministas, sem a ativa atuação das mulheres na política, as pautas voltadas para elas não seriam atendidas.

Foi assim que Jandira avaliou a implementação da Lei Maria da Penha há 18 anos, em que ela foi relatora no Congresso Nacional. “Foi uma experiência para mim, como parlamentar e mulher, muito rica. Relatar essa lei, conhecer o Brasil, conhecer esse tema no Brasil inteiro, foi uma aula de humanidade”, disse Jandira.

Antes de a Lei Maria da Penha entrar em vigor, a violência doméstica e familiar contra a mulher era tratada como crime de menor potencial ofensivo e enquadrada na Lei n. 9.099/1995. A relatora da lei explicou que, após a sua implementação, a lei mudou o parâmetro do sistema de Justiça no Brasil, e contou que onde ela foi aplicada já conseguiu salvar muitas vidas.

“É uma lei, principalmente, de prevenção da violência. Pune o agressor. Tirou aquela pauta de [pagar pelo crime com] cesta básica”, relembrou a deputada federal, se referindo a como eram tratados os agressores antigamente e quais eram suas punições para os crimes de violência doméstica.

Jandira explicou que uma das problemáticas envolvendo a Lei Maria da Penha é o desconhecimento da população sobre a abrangência da lei. Isso dificulta a própria aplicação dessa lei na sociedade, em virtude da população nem mesmo ter ciência do que exigir das autoridades diante de situações de violência. Ela conta que a lei não discorre apenas sobre a agressão de homens a suas companheiras. Ela trata de crianças e jovens em lares violentos, torna a pena do agressor ainda maior quando a vitima é uma pessoa com deficiência (PCD), e ampara, até mesmo, empregadas domésticas.

A deputada enfatizou que a Lei Maria da Penha, assim como qualquer outra, depende de investimentos para que seja ampliada e aplicada de forma ainda mais eficiente em todo o Brasil, e que, para isso, foi lançado pelo Ministério da Mulher, a Articulação Nacional Feminicídio Zero.

A Lei Maria da Penha recebeu esse nome em homenagem à biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que, após ter sofrido duas tentativas de homicídio por seu marido, lutou para a criação de uma lei que contribuísse para a diminuição da violência doméstica e familiar contra a mulher.